Por Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo
O Aglomerado da Serra, na região centro-sul de Belo Horizonte,
amanheceu cercado pela Polícia Militar no último dia 18 de março. Por
volta das 8:50 h, disparos alertaram os moradores do morro e houve
grande correria. Um adolescente de 16 anos foi baleado na perna por
policiais em um beco enquanto tomava café da manhã acompanhado de uma
criança de 3 anos de idade.
Os policiais tentaram levar o rapaz ferido para uma viatura, mas foram impedidos por um grupo de jovens:“Não deixa entrar na viatura de jeito nenhum. Vocês são covardes!” - gritou um homem que carregava o jovem para o carro de um conhecido que o levou a um hospital.
A alegação da PM para ocupar o Aglomerado da Serra e efetuar buscas
foi uma “briga de gangues” ocorrida no domingo que deixou 13 feridos e
um homem de 33 anos morto. Mas o fato é que o terror policial está
instalado na comunidade desde o dia 26 de novembro do ano passado,
quando um PM assassinou o servente de pedreiro Helenilson Eustáquio da
Silva Souza, 24 anos.
Os moradores e familiares do jovem ferido se revoltaram, partiram
para cima dos policiais apontando-os e exigindo a sua punição, cobrando
das emissoras de TV que filmassem seus rostos. Uma repórter pergunta aos
policiais: “Foram vocês que efetuaram os disparos?”, “Ele era um
suspeito?”. Os policiais se retiram rapidamente, entram em uma viatura e
fogem.
Horas depois de o jovem ser alvejado na perna, o comando da PM
anunciou que “um cabo e dois soldados do 22º Batalhão foram presos em
flagrante e estão à disposição da Justiça Militar”, que eles serão
“afastados de suas funções” e que isso se tratou de um “fato isolado”, o
que é uma mentira absurda.
Eem apenas dois anos, três pessoas foram comprovadamente assassinadas
por policiais no Aglomerado da Serra. Após o assassinato de Helenilson,
em novembro do ano passado, policiais da Rotam, Gate e Tropa de Choque
ocuparam o Aglomerado, reprimiram brutalmente a população, abriram fogo
contra pessoas que protestavam contra as atrocidades da polícia. Apesar
das provas incontestes, o sargento da PM Dalson Ferreira Victor,
assassino de Helenilson, recebeu o direito de responder o processo em
liberdade até o caso ser julgado.
Em 19 de janeiro de 2011, Jeferson Coelho da Silva, 17 anos, e seu
tio Renilson Veriano da Silva, 39, foram executados por policiais do
Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). Nesse caso, os
policiais montaram uma cena de crime simulando um tiroteio para tentar
incriminar os jovens trabalhadores e justificar seus assassinatos.
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