domingo, 8 de setembro de 2013

Outros junhos virão - o 7 de setembro em Belo Horizonte


Comitê de apoio ao AND de BH 

 Na semana que antecedeu o 7 de setembro, em todo o país, os gerentes de turno do velho Estado e os comandos de suas forças armadas tiveram que se desdobrar para cumprirem minimamente sua agenda de desfiles do chamado "dia da independência". 

Em Recife o desfile teve seu local modificado em cima da hora, em São Paulo e no Rio de Janeiro foram reduzidos e restritos a uma pequena área isolada por milhares de policiais. Os telejornais e demais veículos do monopólio das comunicações dedicaram seus editoriais para reproduzir ameaças de que os “mascarados” e “vândalos” seriam presos e que a ordem era reprimir qualquer protesto. 

Em cidades da região Metropolitana de Belo Horizonte - MG como Betim, Contatem e Ribeirão das Neves, os desfiles foram cancelados devido a possibilidade (certeza) de protestos populares. Na capital mais de mil alunos que tradicionalmente participam dos desfiles foram “dispensados”, os efetivos militares mobilizados para os desfiles foram drasticamente reduzidos. 

No dia 7, enquanto as tropas desfilavam pela Avenida Afonso Pena no centro da capital, ativistas da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo – FRDDP realizaram uma intervenção política abrindo grandes faixas com os dizeres: “Abaixo o Estado fascista e seus governos antipovo e vende-pátria!” e “USA, tire suas garras da síria”. Os ativistas também mantiveram desfraldada a bandeira palestina e um banner estampando o grito de revolta repetido pelo povo em todo o país: CADÊ O AMARILDO? 

Nesse 7 de setembro as forças de repressão não conseguiram ostentar todo seu aparato nem contaram com o público que normalmente compareceria para assistir os desfiles. As forças de repressão desfilaram ao som de gritos de protesto e palavras de ordem. 

Pouco a pouco a população percebeu que algo diferente ocorria. As palavras de ordem gritadas por um grupo compacto eram ouvidas e pouco a pouco mais vozes de uniram: 


- Cadê, cadê, cadê o Amarildo! 

- Eleição é farsa, não muda nada não, o povo organizado vai fazer revolução! 

- Estados Unidos, tire as garras da Síria! 

- Fora já, fora já daí, Obama da Síria e Dilma do Haití! 

- Uma vaia para esses governos vende-pátria e antipovo! Uma vaia para a Dilma! Uma vaia para o governador Anastasia! Uma vaia para o prefeito Márcio Lacerda! Uma vaia para todos esses políticos corruptos! 

- Cadeia já, cadeia já, para os fascistas do regime militar! 

- Não passará, não passará, o crime hediondo do regime militar! 

- Cadê, cadê, os desaparecidos! 


Soldados do exército passaram em marche-marche acelerado próximo aos ativistas da FRDDP subindo uma rua e seguiram sob vaias e gritos de protesto. 

Ao fim do desfile, os ativistas seguiram até a Praça Sete, epicentro da capital, e fizeram uma agitação. Manifestantes queimaram a odiada bandeira ianque sob gritos de “Yanques, go home” (ianques, voltem para casa!). 

Eram aproximadamente 11 horas quando o ato foi encerrado. 

Nesse momento, em diferentes pontos da cidade, jovens se reuniam e se preparavam para um novo combate. As sementes dos dias rebeldes e junho e julho germinam, crescem e se multiplicam por todo o país. As brasas da fogueira da revolta espontânea das massas continuam vivas e basta uma lufada de ar para que as labaredas se elevem. 

No início da tarde, centenas de jovens tomaram as ruas da capital em protesto. Descumprindo conscientemente a “lei” que proibia o uso de máscaras em protestos, foram se agrupando e rumaram para a Praça da Liberdade, onde ocorreram os maiores enfrentamentos entre manifestantes e policiais. 

O protesto seguiu até a 3ª Área Integrada de Segurança Pública – 3ª AISP, onde os jovens agitaram palavras de ordem exigindo a libertação dos manifestantes e foram novamente reprimidos. Dezenas de outros manifestantes foram presos nas imediações da 3ª AISP. 

56 pessoas foram presas durante os protestos de 7 de setembro em Belo Horizonte, 11 dos presos eram menores. Até o fim da tarde de domingo, dia 8, 15 manifestantes eram mantidos encarcerados. 

No dia 8, um dos veículos da imprensa reacionária de minas publicou uma matéria intitulada “Junho, o mês que não acabou”. 


Como cantou Milton Nascimento, “nada será como antes”. A juventude que enfrentou com combatividade e decisão as forças de repressão dando vazão ao grito de revolta de nosso povo demonstrou mais uma vez que outros junhos virão. 

Leia o artigo de Fausto Arruda publicado na edição nº 116 de AND: Libertas quæ sera tamen

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Fotos de Wellington Martins / A Nova Democracia








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