Realizada a manifestação
pela mudança do nome do Viaduto José Alencar para Douglas Henrique e Luiz
Felipe. Ato convocado pela Frente
Independente pela Memória, Verdade e Justiça - MG paralisa a Avenida Antônio
Carlos, em BH.

No
dia 16 de julho de 2013, a
partir das 16H, cerca de 200 pessoas participaram do ato pela mudança do nome do
Viaduto José Alencar para Viaduto Douglas Henrique e Luiz Felipe. Familiares e amigos de Douglas Henrique de Oliveira Souza e Luiz Felipe Aniceto de Almeida estiveram presentes, assim como
organizações políticas, sindicais, populares e ex-presos políticos da época da
ditadura militar. A homenagem foi feita aos dois jovens trabalhadores de Minas
Gerais que caíram do Viaduto após tentar escapar dos ataques violentos da repressão
e vieram a falecer.
Duas faixas com a inscrição Viaduto Douglas Henrique e Luiz
Felipe foram colocadas nos dois lados do viaduto enquanto os manifestantes
fecharam o trânsito da Avenida Antônio Carlos. Em mais uma demonstração
intolerável de arbitrariedade e desrespeito estas faixas foram arrancadas na
manhã do dia 18 de julho: responsabilizamos a repressão e a institucionalidade
por mais esta violência. Reiteramos que
o nome definitivo do viaduto é Viaduto
Douglas Henrique e Luiz Felipe.
Além
da homenagem aos dois companheiros, foi feito veemente repúdio ao aparato
repressivo e à violência do Estado, diretamente responsáveis pelas mortes de Douglas Henrique e Luiz Felipe. Em nota e nas intervenções durante a manifestação, a Frente Independente pela Memória, Verdade e
Justiça - MG denunciou as centenas de prisões arbitrárias, casos de
tortura, feridos, mandados de prisão, toque de recolher e o descomunal aparato
repressivo montado para garantir o chamado padrão
FIFA de qualidade durante a Copa
das Confederações. Denunciou também a morte do menino de 12 anos Lucas Daniel Alcântara Lima, baleado
pelo sargento reformado da PMMG Vanderlei Gomes da Fonseca, durante
manifestação contra a falta de coleta de lixo no Conjunto Cristina, Santa Luzia,
no dia 27 de junho. Lucas Daniel tinha
apenas ido à padaria comprar pão.
O tal padrão
FIFA, na prática, implantou um Estado de exceção no país. O governo municipal
de Márcio Lacerda (PSB), o governo estadual de Antônio Anastasia (PSDB) e o
governo federal de Dilma Rousseff (PT) - em conjunto com a Guarda Municipal, a Polícia
Militar, a Polícia Civil, o Exército e a Força Nacional de Segurança Pública –
têm como objetivo exclusivo garantir o lucro dos empresários patrocinadores dos
chamados grandes eventos. Trata-se de repressão
feroz, privatização da cidade e criminalização dos movimentos populares.
No
final do ato, a Polícia Militar revelou, mais uma vez, sua habitual
truculência: duas manifestantes - ambas estudantes, membros da Frente Independente pela Memória, Verdade e
Justiça - MG - foram presas. A
semelhança com a ditadura militar ficou evidente: tentou-se forjar absurdo
flagrante com tentativa torpe de acusação de dano ao patrimônio público. Membros da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça - MG e manifestantes
seguiram até a delegacia onde foi dada voz de prisão às duas companheiras. O flagrante não foi lavrado por se mostrar absolutamente
insustentável. As companheiras vão responder a processo de dano contra o meio
ambiente no Juizado Especial Criminal. Não aceitamos definitivamente este tipo
de ofensiva, por parte da polícia, contra nosso direito de manifestação e
expressão. Continuaremos mobilizados contra
as investidas da repressão.
Na
noite do dia 17 de julho, outra militante foi presa, em Belo Horizonte,
durante reunião sobre direitos humanos, embaixo do Viaduto Santa Tereza. Nesse
mesmo dia, em São Paulo,
119 estudantes da Universidade Estadual de São Paulo foram presos durante manifestação
de ocupação da reitoria. Todos esses casos mostram a necessidade de uma
ampla campanha nacional contra a repressão, a imediata liberdade de todos os
presos políticos, a retirada de todos os processos criminais e mandados de
prisão contra os manifestantes. Mostram também a urgência da punição dos responsáveis
pelas mais de duas dezenas de mortes e centenas de casos de ferimentos graves e
torturas, provocadas em todo o país pela repressão às jornadas de junho de
2013.
Nós,
da classe trabalhadora, do movimento popular, do movimento estudantil e da Frente Independente pela Memória, Verdade e
Justiça – MG responsabilizamos diretamente o Estado brasileiro, seu aparato
repressivo e seus governos federal, estadual e municipal por toda esta
violência. Estes são os responsáveis diretos pelas mortes dos companheiros Douglas Henrique, Luiz Felipe e Lucas
Daniel. O Estado brasileiro é
igualmente responsável pela repressão sangrenta, pelas mais de duas dezenas de
mortes, pelas centenas de prisões, torturas e ferimentos graves ocorridos em
todo o país durante as jornadas de luta de junho de 2013.
Abaixo
a repressão! Pela liberdade de manifestação e expressão!
Pelo
fim da criminalização dos pobres! Pelo fim da criminalização da luta dos
estudantes, da luta dos trabalhadores da cidade, do campo e da luta do
movimento popular!
Libertação imediata dos presos políticos! Pela
anulação dos inquéritos! Pela retirada dos mandados de prisão!
Pelo
fim das torturas e das execuções! Pelo fim do genocídio dos jovens, negros,
indígenas e pobres!
Abaixo
as UPPs e invasões policiais e militares dos morros, universidades, ocupações e
favelas!
Pelo
fim do aparato repressivo! Pelo fim imediato da Guarda Municipal, da Polícia
Militar e da Força Nacional de Segurança! Fora o Exército e fora a FIFA!
Pelo
direito à Verdade, à Memória e à Justiça!
Punição
para os torturadores e assassinos de opositores durante a ditadura militar e
para aqueles que cometem estes mesmos crimes contra a humanidade nos dias de
hoje!
Pela
luta independente, realizada pela classe trabalhadora e pelo movimento popular,
em relação aos governos e à institucionalidade!
Companheiros
Douglas Henrique, Luiz Felipe e Lucas Daniel : Presentes!
Presente,
hoje e sempre!
Belo Horizonte, 18 de
julho de 2013
Frente Independente pela
Memória, Verdade e Justiça - MG
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